Este espaço tem o propósito de divulgar assuntos referentes à nutrição e terapias complementares para indivíduos que desejam vivenciar o uso destas práticas em sua vida.

Reeducação Alimentar x Atividade Física

Durante o congresso americano de medicina esportiva (ACSM) realizado em Baltimore de 2-5 de junho, várias discussões importantes ocorreram sobre temas como nutrição, atividade física, treinamento, suplementos e etc. Unindo boa parte das informações disponíveis e avaliando os dados abaixo que foram encontrados em estudos:

SEM controle da alimentação apenas com exercícios físicos, ou apenas controle da alimentação SEM atividade física, os pesquisadores foram unanimes em dizer que aliar a atividade física a um programa de reeducação alimentar é a única forma de perder gordura corporal.

Um dos temas mais discutidos em várias apresentações foi a questão do emagrecimento relacionada ao exercício físico e à dieta. Diversos autores demonstraram que a literatura científica tem apresentado vários estudos mostrando o fracasso de programas de atividade física auxiliando no processo de emagrecimento. Segundo estes pesquisadores fatores como humor, intensidade do exercício, variações hormonais, tipo de alimentação entre outros poderiam ser responsáveis por este fracasso.

De forma bastante interessante, um importante pesquisador da área apresentou estudo no qual mulheres submetidas a programa de atividade física sem controle da dieta perderam gordura corporal em 12 meses. No entanto, após 18 meses o grupo começou a recuperar o peso perdido. Sendo o autor da pesquisa alguns fatores poderiam contribuir para este resultado:

1) após perder certa quantidade de peso o gasto energético diário também cai, afinal o organismo precisa de menos energia para manter uma massa menor;

2) também ocorre, de forma muito freqüente, a “recompensa” pelo exercício (“já que caminhei, posso consumir uma bola de sorvete”). No entanto, segundo o pesquisador as pessoas têm muito pouca idéia do quanto gastam de calorias na atividade. Até podem saber quantas calorias têm uma bola de sorvete, mas não quanto gastam em 40minutos de exercício. De certo modo, isto também é conseqüência do gasto calórico calculado nas esteiras, equipamentos de atividade aerobia e relógios específicos que na maioria das vezes superestimam o gasto energético na atividade.

3) alguns trabalhos também têm demonstrado que em mulheres a atividade física promove aumento da secreção de um hormônio chamado grelina, responsável por estimular a fome, isto é, após gastar energia com o exercício, o organismo ativa este sistema para que haja reposição das calorias gastas. Este mecanismo também explicaria porque as mulheres têm muito mais dificuldade de emagrecer do que os homens.

Outros dados apresentados mostravam resultados de estudos nos quais os indivíduos apenas fizeram restrição alimentar, mas não se exercitaram. Para surpresa dos estudiosos a maioria das pessoas neste estudo ganhou gordura corporal ao invés de perder. Os resultados mostraram que ao submeter o organismo à restrição calórica houve perda de massa magra e conseqüentemente redução do gasto energético diário. Assim se o indivíduo gastava 2000Kcal/dia e passou a consumir 1600kcal/dia, em curto espaço de tempo o organismo passou a gastar menos calorias para se manter de forma a igualar o que estava sendo consumido ou gastando ainda menos de 1600kcal/dia, levando ao ganho de gordura com a dieta.

Diversos mecanismos de controle existem no nosso corpo regulando fome, saciedade, sono, fazendo com que o processo de emagrecimento apenas com restrição calórica seja pouco efetivo.

Sendo assim, aliar a atividade física a um programa de reeducação alimentar é a única forma eficaz para perder gordura corporal e sustentar esta perda depois.

COMO MANTER-SE MAGRO APÓS UMA DIETA

Um dos principais desafios de quem perdeu peso é manter a silhueta conquistada depois de tanto esforço. A velha receita de seguir uma alimentação de qualidade, e somá-la à atividade física, continua sendo o principal conselho para quem quer entrar na linha. Mas mudar de hábitos nem sempre é tarefa das mais fáceis.

O nutricionista Rogério Frade, especialista em nutrição esportiva, acredita que as mudanças na alimentação devem ser encaradas com naturalidade. “Quando as pessoas entendem que as mudanças terão efeitos permanentes para a saúde, dificilmente voltam à rotina que tinham antes”, diz. E se perceberem que, mesmo já sem a disciplina da fase do regime, continuam mantendo a linha, sentem-se ainda mais incentivadas a melhorar seus hábitos.

Para começar, ele observa que um dos principais obstáculos à manutenção do peso depois da dieta é precisamente o tipo de dieta que foi seguido. É muito comum, explica Frade, as pessoas caírem no conto dos regimes de resultado muito rápido, mas que podem causar problemas como alterações de pressão, anemia, gastrite, osteoporose e finalmente o famoso efeito ioiô.

“As dietas muito severas costumam cortar todas as calorias da alimentação, proibindo todos os carboidratos, doces e pães. Mas quando ela acaba, as pessoas acabam voltando a comer essas coisas, mesmo que moderadamente, e engordam logo”, ele exemplifica. E assim começa aquela rotina tão conhecida, de viver de dieta em dieta.

A solução apontada pelo nutricionista é, uma vez feita a dieta – de preferência uma bem elaborada e saudável, não tão rápida –, a pessoa procurar fazer um planejamento alimentar que inclua tudo, ou quase tudo, com a ajuda de um especialista.

“O novo cardápio deve incluir a maioria dos alimentos. Eu trabalho muito com pães e massas integrais, grãos e sementes como a linhaça, chás e sucos, além de todas as frutas, verduras e legumes”, ele exemplifica.

Entre os alimentos que ele não inclui – e recomenda serem evitados ao máximo por quem não quer ganhar peso, especialmente após um regime – estão os embutidos, a comida de fast-food, a carne vermelha em excesso, refrigerantes e sal e açúcar em excesso. Apenas essa lista, aliás, se for seguida, já ajuda muito a não ganhar peso.
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